segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Rua Professor Evaristo Carneiro

Ainda hoje é uma das principais vias urbanas da Vila (carinhosamente o chamamos de Vila, mas alguns moradores querem que chame de Cidade).

Bons tempos passados trazem saudades e é assim que recordo minha infância, quando de guarda-pó xadrez e lancheira a tiracolo ia acompanhado da mãe ou do pai ao Jardim de Infância. Palmeirinha só teve um Jardim de Infância e eu tive o privilégio de estar na idade ideal para fazer parte da turma que frequentou. Não sei quantas turmas teve o Jardim, talvez uma só, mas eu estava lá. Ganhei a lancheira do meu avô e por motivos que a razão desconhece, conservo-a até hoje.

Nasci em uma casa simples nessa rua, a família mudou para outra casa na mesma rua e de lá saí para me casar e ganhar o mundo...

Solidariedade na "Vila" era coisa normal e constante, recordo que minha mãe encarregava a mim e ao meu irmão de levar mantimentos para a dona Ercília, ela vivia no outro quarteirão, mas na mesma rua. Dona Ercília morava sozinha, mas tinha em sua companhia meia duzia de gatos, e gostávamos de ir lá por causa dos gatos. Para nós, os meninos, a solidariedade não fazia a menor diferença, o que queríamos era sair de casa e desvendar segredos da casa da velha. Ela tinha uma porção de utensílios domésticos esquisitos, tipo latinhas de maça de tomate prendendo a vassoura no cabo. Até que meu irmão pegou asma, aí deixamos de ir lá.

No final de nossa rua havia outra senhora, que igualmente vivia sozinha e que também éramos encarregados por minha mãe de fazer visitas a fim de colaborar com víveres. Mas a vida da Nhá Maria das Palhas era diferente em tudo, além de morar muito longe, ela encontrou uma maneira de ganhar dinheiro com a venda de palhas de milho rasgadas para encher colchões. Passava o tempo todo sentada num banquinho, rasgando palhas com os dedos. Eu e meu irmão sentávamos ao lado dela e ficávamos admirando. Distraíamos, até que um adulto ia buscarnos, porque esquecíamos o tempo passar.

Na mesma rua morava Seo Alcindo, guarda-linhas da empresa de Correios e Telégrafos. Atualmente não existe essa profissão.

Na adolescência outras histórias surgiram e fui estudar em colégio interno. Minha rua sentiu falta de mim por uns tempos...   

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